O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi afastado do cargo nesta terça-feira (3) por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão, assinada pelo ministro Mauro Campbell Marques, tem validade inicial de seis meses e será analisada ainda hoje pela Corte Especial do STJ, composta pelos 15 ministros mais antigos do tribunal.
Barbosa é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19, incluindo verbas voltadas à aquisição de cestas básicas. As investigações apontam fraudes em contratos firmados entre 2020 e 2021, período em que o estado de emergência em saúde pública teria sido usado para facilitar contratações irregulares.
A ação foi deflagrada no âmbito da Operação Fames-19, nome que faz referência à insegurança alimentar agravada pela pandemia. “Fames”, palavra em latim que significa “fome”, é acompanhada do número 19, em alusão ao ano em que teve início a crise sanitária causada pela covid-19.
De acordo com a Polícia Federal, mais de R$ 97 milhões foram pagos em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo estimado aos cofres públicos ultrapassa R$ 73 milhões. Parte do dinheiro desviado teria sido usado na compra de gado, pagamento de despesas pessoais e construção de empreendimentos de luxo.
A operação mobilizou mais de 200 agentes federais, que cumpriram 51 mandados de busca e apreensão em diversas localidades, incluindo o Palácio Araguaia — sede do governo estadual — e a Assembleia Legislativa do Tocantins. Os inquéritos tramitam sob sigilo no STJ.
Além do uso indevido de emendas parlamentares, a PF apura o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos supostamente envolvidos no esquema.
Histórico e posicionamento
Essa não é a primeira vez que Wanderlei Barbosa é investigado. Em agosto de 2024, ele foi alvo da primeira fase da operação e, na época, afirmou ter recebido a ação da PF com “surpresa”, mas também com “tranquilidade”. Disse ainda que não foi o ordenador de despesas relacionadas ao programa de cestas básicas durante a pandemia e declarou estar “confiante” em sua inocência.
Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Tocantins não se manifestou até a publicação desta reportagem. O governador também não se pronunciou publicamente. O espaço segue aberto para manifestações.
Redação com UOL